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terça-feira, 5 de abril de 2011

O Inverno 2011 de Vitorino Campos

O Inverno 2011 de Vitorino Campos

Refosco

Ao certo não sei nem falar por que os tons de laranja ficaram tão
alaranjados. Hoje à noite eles se mostraram de uma forma muito mais forte.
Eu nunca gostei de laranja...
Em noites de mistério, com um ar de conhecido desconhecido, é estranho. O
mistério às vezes nos engana e, às vezes, nos deixamos enganar por conta
deste breu incerto.
Não é um sentimento de culpa, nem tampouco um novo caminho, mas pode ser a
última estação em que eu esteja falando sobre isso. É como o mistério de
tudo o que é fosco duas vezes. Em bases leitosas, em palavras escritas em
papel vegetal, em uma distância que não existe, mas que pode ser criada.
Com vidros e madeira à minha frente, com concreto acima de mim. Foi esse
tom de luz incandescente que me trouxe até aqui, fazendo com que me
sentasse não na cadeira, mas na mesa.
São só lembranças que o mistério desfocou, não me deixando entender sobre
a presença da sua falta. Recomeço, e passo a desconstruir para construir,
passo a não procurar para entender, passo a não embasar para alicerçar.
Passo simplesmente a viver, pois, na verdade, quem é você?

Vitorino Campos




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O Inverno 2011 de Vitorino Campos

Um especialista em falar das inquietações da alma humana. É assim que
podemos descrever o estilista Vitorino Campos, apesar dos seus 23 anos
recém completados. Com sua coleção para o Inverno 2011, batizada de
Refosco, ele apresenta mais uma  vez os sentimentos e dúvidas da mulher
moderna, desta vez envolvida pelo mistério “de tudo o que é fosco duas
vezes”, quando nada está muito nítido ao seu redor e a perturbação toma
conta do ambiente.

Com uma cartela de cores centrada no azul marinho e no preto, a nova
coleção traz formas mais limpas, ajustadas e sóbrias. O volume e as
transparências que costumavam aparecer nas peças do estilista são
substituídos por cortes retos e fechados, sem decotes. A cintura segue
ajustada, e o comprimento das peças – especialmente saias e vestidos – vem
sempre abaixo do joelho. “Refosco traz um amadurecimento das minhas formas
e técnicas, e o saber de que simplificar linhas, eliminar costuras e
evoluir cada vez mais a modelagem se torna efetivamente um objetivo”,
explica Vitorino.

Em novos tecidos e materiais, como o veludo de algodão, a lã fina e o
jacquard, as peças são fracionadas, criando um jogo de encaixe entre
blusas e saias ou detalhes dos vestidos, que se moldam como peças de um
quebra-cabeças, articuladas pelo uso de botões de pressão. A proposta é
expressar o desmanchar desse sentimento de segurança, que pouco a pouco se
transforma em desorientação, e a desconstrução pela qual a personagem
precisa passar para seguir em frente e, como ela mesmo explica,
“simplesmente viver”. Presa numa caixa branca e sem saber ao certo há
quantos dias está ali, a mulher de Refosco está perdida entre a luz e o
breu.

A inspiração para a coleção veio dos “sentimentos planificados” em
cartazes de cinema. Vitorino, que já tinha Refosco parcialmente criada,
saiu da sessão de um filme francês com o texto que a ilustra todo escrito.
Depois, bastou colocar no papel as inquietudes que ficaram de molho em sua
cabeça. Entre as referências estão também os filmes inquietantes de
Guillermo Del Toro e a atmosfera de mistério criada por músicas
instrumentais – especialmente aquelas com muitos ecos e violinos
arranhando. Ao ver as peças prontas ele diz, citando Clarice Lispector,
que a critiavidade não é imaginação, mas realidade. “Hoje desenvolvo um
perfil e um estilo que fazem a Vitorino Campos. As coleções são
interligadas e seguem um pensamento que vai evoluindo. A troca da estação
não é uma mudança, mas a transformação de um trabalho que já vem sendo
desenvolvido”, conta o criador.





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